Brasileiros reavaliam o que é essencial ter no carrinho de compras diante da alta dos preços

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Com a inflação dos alimentos pesando no bolso, os brasileiros estão mudando seus hábitos na hora de fazer compras no supermercado, o que impacta diretamente a cesta básica, a saúde e até as indulgências. Essa transformação foi revelada pelo estudo inédito “Ouro na Prateleira”, realizado pela REDS Research, empresa do grupo HSR, o maior grupo de pesquisa da América Latina.


Conduzido entre os meses de maio e junho de 2025, o levantamento ouviu mais de 2.000 pessoas em todas as regiões do país para entender como os consumidores estão reagindo à alta nos preços de alimentos e bebidas. A pesquisa revelou que 84% dos brasileiros perceberam aumentos significativos nos preços dos alimentos, e 65% afirmam que essa alta impactou diretamente sua alimentação diária, percentual que sobe para 81% entre as classes mais baixas (D/E).


Frente a esse cenário, os consumidores têm reavaliado o que realmente é essencial no prato. Embora 93% considerem a carne um alimento importante, ela aparece apenas na quarta posição entre os itens mais consumidos durante o período da pesquisa. O destaque vai para o ovo, que assumiu o protagonismo como principal fonte de proteína. Arroz e feijão seguem firmes como a base da alimentação brasileira, enquanto o café lidera entre as bebidas mais essenciais, mesmo percebido como um dos produtos com maior alta de preço.


“Isto porque o café faz parte da rotina e da cultura do brasileiro”, explica Karina Milaré, CEO da Reds e líder da pesquisa. Comparte dessa mudança de hábitos monitorados pelo estudo, nos últimos 12 meses, a população cortou em média sete alimentos do dia a dia, priorizando o básico. “Produtos como açúcar, laticínios, óleos e sucos industrializados foram os mais abandonados, não apenas por questões financeiras. Para 62% dos consumidores, a busca por uma alimentação mais saudável também pesa na decisão, especialmente na hora de eliminar sucos prontos e alimentos ultraprocessados”.


A mudança de comportamento afetou também o local de compra: 53% dos entrevistados passaram a comprar em atacarejos, enquanto 70% aderiram a marcas próprias ou genéricas. Além disso, 64% reduziram gastos com lazer, roupas e restaurantes, e 40% buscaram uma renda extra para lidar com o aumento de custos.


Para Karina, esses números mostram uma reação em cadeia do impacto da inflação na vida dos brasileiros. Apesar disso, alguns prazeres continuam tendo espaço: 33% dos entrevistados pretendem consumir mais chocolate nos próximos meses, apesar de 31% considerarem o item caro. O mesmo acontece com o café, cujo consumo deve aumentar para 44% dos entrevistados, com destaque para as classes mais baixas, nas quais o índice sobe para 56%.


Outra constatação foi que a nova rotulagem nutricional também influencia o que vai para o carrinho. Isso porque, 75% dos consumidores já trocaram algum produto por outro mais saudável, depois de ler alertas como “alto teor de açúcar” na embalagem e 61% afirmam que estes alertas são importantes para tomar decisões de compra.

João Silva

João Silva

Diante desse quadro, é inevitável pensar: afinal, o que é essencial? Em um país onde a inflação dos alimentos tornou-se uma constante, os brasileiros estão se reinventando na mesa. Enquanto uns buscam refúgio no café, outros tentam manter o equilíbrio entre custos e nutrição. Mas, no final do dia, é a busca pela sobrevivência que guia essas escolhas. E, por estranho que pareça, até o chocolate tem seu lugar nessa nova realidade.

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