Na madrugada deste sábado, 2 de agosto, o jornalista José Roberto Dias Guzzo, aos 82 anos, deixou o mundo após um infarto. Conhecido como J.R. Guzzo, ele foi uma figura emblemática no jornalismo brasileiro, tendo atuado em renomadas publicações como a Gazeta do Povo e a revista Veja. Sua trajetória não foi apenas uma carreira; foi um movimento constante de questionamentos, análises e opiniões que ecoaram longe de suas colunas.
Guzzo, que assinava com firmeza seu texto, era conhecido por sua visão crítica e incisiva. Em uma carta de demissão da revista Veja, após a recusa em publicar um artigo seu que criticava o STF, ele resumiu com elegância a complexidade do jornalismo: "A liberdade de imprensa tem duas mãos. Em uma delas, qualquer cidadão é livre para escrever o que quiser. Na outra, nenhum veículo tem a obrigação de publicar o que não quer".
Sua última coluna, publicada na Gazeta do Povo, tratava das consequências da "sova dos EUA" para Lula, retratando com seu estilo mordaz a realidade política. Guzzo não apenas relatava fatos; ele os transformava em debates públicos, desafiando leitores e autoridades.
No vídeo de 2021, publicado pela revista Oeste, ele revelou sua admiração pelo jornalismo desde a adolescência. "Achava aquilo o máximo", disse com simplicidade. Mesmo diante das contradições da profissão, nunca desistiu de ser jornalista – e isso, talvez, seja seu maior legado.
A morte de Guzzo não fecha um capítulo; abre uma reflexão sobre o papel do jornalismo em tempos turbulentos. Ele foi um guardião incômodo da democracia, sempre alerta para os abusos e as fragilidades. Resta a nós, leitores, continuar essa conversa que ele tanto estimulou.