Marcelo Beraba, um dos maiores jornalistas do Brasil, deixou-nos nesta segunda-feira, aos 74 anos. Seu legado transcende o jornalismo: foi mentor, inspiração e construtor de uma nova geração de profissionais.
Ele comandou as redações de Folha, O Globo, Estadão e Jornal do Brasil, sendo o idealizador da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Sua visão precisa e refinada ajudou a moldar o jornalismo brasileiro moderno.
Na Folha, coordenou a cobertura da primeira eleição direta pós-ditadura, que resultou na vitória de Fernando Collor. Em O Globo, começou como repórter aprendiz em 1971 e, anos depois, capturou um dos maiores furos: a fotografia do capitão terrorista ferido no atentado ao Riocentro.
De 2008 a 2019, Marcelo esteve à frente do Estadão, onde destacou-se pelo jornalismo de dados e pela rigidez na apuração. Seu trabalho não se limitava às redações: foi professor em instituições como a PUC-Rio e o IDP, onde coordenou um curso de pós-graduação em jornalismo investigativo durante a pandemia.
Para muitos, incluindo o próprio colunista, Marcelo era mais do que um mentor: era um amigo que oferecia conselhos sinceros e generosos. Sua atenção para com jovens jornalistas, independentemente de origem ou classe social, foi incansável.
Além disso, conquistou respeito internacional como figura destacada no jornalismo latino-americano, tendo sido peça chave no Instituto Prensa y Sociedad (Ipys), na América do Sul.
Marcelo Beraba deixa para trás uma viúva, Elvira Lobato, três filhas e um enteado. E uma legião de admiradores que jamais esquecerão suas lições: Obrigado, mestre.