Em uma revelação perturbadora, um estudo brasileiro inédito na América Latina descobriu microplásticos em placenta e cordão umbilical de gestantes. Realizado em Maceió, Alagoas, a pesquisa analisou amostras de dez mulheres grávidas e identificou 110 partículas no órgão fetal e 119 no cordão.
Os compostos mais frequentes foram o polietileno, usado em embalagens plásticas descartáveis, e a poliamida, componente de tecidos sintéticos. A preocupação maior está na constatação de que 80% das participantes tiveram maior concentração de microplásticos no cordão umbilical do que na placenta.
"A placenta é um filtro poderoso, mas vemos que grande parte dessas partículas está passando para o bebê", disse Alexandre Urban Borbely, líder da pesquisa. "Isso sugere que a exposição ao microplástico começa muito cedo, durante a gestação."
A equipe ampliará amostragem para 100 mulheres e investigará possíveis correlações entre a contaminação e complicações na gravidez ou problemas de saúde neonatais. "Estamos lidando com algo sério", alerta Borbely, "essa geração nasce já exposta a microplásticos."