Em Boituva, cidade conhecida como a capital do salto de paraquedas no Brasil, o ar rarefeito não é o único perigo. Na manhã do último sábado (2/8), um paraquedista teve seu trajeto em queda livre interrompido abruptamente por uma colisão com outro praticante. O acidente, ocorrido a 121 quilômetros da capital paulista, reforça a ideia de que os riscos associados a essa atividade esportiva ultrapassam o mero prazer da adrenalina.
A vítima, cuja identidade não foi revelada, participava de um salto coletivo quando, em plena queda livre, colidiu com outro paraquedista. Testemunhas relataram que ambos foram socorridos rapidamente, mas o trágico desfecho da situação já é investigado pela Polícia Civil.
Este não é o primeiro acidente na cidade. Em outubro do ano passado, uma paraquedista de 40 anos chamada Carolina Muñoz Kennedy também perdeu a vida após um problema com seu equipamento. Seu paraquedas principal não funcionou, e o reserva, apesar de ter sido acionado, também falhou. A história de Carito, que era uma entusiasta das atividades extremas como o mergulho em apneia, serve hoje como um lembrete doloroso da fragilidade humana.
No mesmo local, em 2023, um empresário de 49 anos faleceu após um salto. E em julho de 2022, outro paraquedista morreu ao cair sobre a cobertura de uma casa no Bairro Cidade Jardim. A constância desses incidentes levanta questões sobre como e por que tais acidentes ocorrem com frequência.
A Polícia Civil apreendeu dois paraquedas e um capacete, requisitando exames para o IML (Instituto Médico-Legal). A ocorrência foi registrada como morte suspeita e lesão corporal. Enquanto isso, a Confederação Brasileira de Paraquedismo ainda não se pronunciou sobre os incidentes.
Para quem pratica ou acompanha o salto de paraquedas, é impossível não pensar na delicadeza do equilíbrio entre a liberdade que o ar proporciona e a terrível consequência de um erro ou uma falha. Em Boituva, o cenário que se desenha é o de uma cidade que, apesar de ser referência no esporte, também carrega em seu céu um peso trágico.
Ao final, é difícil não questionar: será que os riscos associados a essas atividades são compensados pelo prazer de vivenciar tais emoções? Ou será que, vez após vez, estamos apenas aprendendo a conviver com a inevitabilidade da sorte?
Acidentes em altitude: o drama dos paraquedistas em Boituva


Minha solidariedade às famílias das vítimas. Que estes trágicos incidentes possam servir para reforçar a necessidade de mais segurança e rigor nas práticas esportivas de alto risco.
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