A luta contra a ansiedade no domingo: um mal brasileiro

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Todo domingo à noite, algo inexplicável acontece. As paredes que ainda estavam quentes do descanso do final de semana começam a se fechar. O corpo, que até minutos atrás respirava aliviado, agora parece alerta, tensionado, preparando-se para o que está por vir. É a ansiedade do domingo, aquela que não pede licença e invade nossas casas como um convidado indesejável.


Para muitos brasileiros, a transição de um dia de folga para os compromissos da semana é marcada por uma série de sintomas: irritação, insônia, tensão muscular. Alguns até chegam a experimentar crises de ansiedade que afetam seu dia a dia. E não estamos sozinhos nessa luta.


Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que o Brasil é o país mais ansioso do mundo, com 18 milhões de pessoas enfrentando transtornos de ansiedade. Essa estatística não é meramente um número frio – ela representa uma realidade que muitos de nós já experimentaram ou conhecem alguém que vive.


Do ponto de vista clínico, a ansiedade no domingo pode ser associada a fatores como perfeccionismo excessivo, autocrítica elevada e necessidade constante de controle. Esses traços de personalidade, aliados ao peso das responsabilidades diárias, transformam o que deveria ser um momento de descanso em uma batalha contra o próprio corpo.


Para Dalila Stalla, coordenadora de Psicologia da Rede Casa no Rio de Janeiro, o problema está diretamente ligado à forma como enxergamos o trabalho e nossas obrigações. "A ansiedade é um reflexo da pressão que vivemos, tanto na esfera profissional quanto pessoal", afirma.


Mais do que uma simples reação ao estresse, a ansiedade no domingo pode ser um sinal de algo maior. Transtornos como depressão, fobia social e síndrome do pânico frequentemente se manifestam nesses momentos de transição. "Quando os sintomas se repetem com frequência e começam a interferir na qualidade de vida, é hora de buscar ajuda", alerta Stalla.


As consequências desse sofrimento são variadas. Relações interpessoais podem ser afetadas, o desempenho no trabalho diminui, e muitos recorrem a álcool ou drogas como forma de alívio temporário. "A ansiedade não é um inimigo que podemos vencer sozinhos", ressalta.


Existem, no entanto, estratégias para lidar com esse desafio. Planejar a semana antecipadamente, manter rotinas de sono regulares e praticar atividades relaxantes como caminhadas ou leituras ajudam a aliviar o peso da ansiedade. "Também é fundamental rever nossas expectativas e pressões sobre o trabalho", sugere Sena.


Enquanto escrevo estas linhas, lembro-me de um poeta que disse: "A vida moderna é uma luta constante contra a monotonia". Hoje, parece que somos todos soldados nessa guerra silenciosa, lutando não apenas contra os problemas do dia a dia, mas também contra o peso das nossas próprias expectativas.


Como um país marcado pela ansiedade, talvez seja hora de repensar não apenas como lidamos com o trabalho, mas como enxergamos a própria vida. Talvez a verdadeira revolução esteja em aprender a descansar – e vencer a ansiedade do domingo.

Juliana Rocha

Juliana Rocha

Que delícia terapia. A ansiedade do domingo é um problema tão brasileiro, né? Parece que a gente vive correndo atrás do prejuízo, tentando conciliar o mundo dos sonhos com a dura realidade. Felizmente, existem soluções – e o primeiro passo é admitir que precisamos de ajuda. Até próxima!

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