Aumento dos preços do suco de laranja nos EUA pode chegar a 25% devido a novas tarifas

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A empresa americana Johanna Foods, especializada na produção de sucos, anunciou que os preços do suco de laranja nos Estados Unidos podem aumentar entre 20% e 25% graças a novas tarifas impostas às importações do Brasil. A empresa ingressou com uma ação judicial contra o governo dos EUA, argumentando que a medida é ilegal.

Em uma carta datada de 9 de julho, o ex-presidente Donald Trump informou ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva sobre a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as importações do Brasil a partir de 1º de agosto. Trump justificou sua decisão acusando o Brasil de tratar mal o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Enquanto isso, os procuradores brasileiros acusam Bolsonaro de envolvimento em um plano para assassinar Lula e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Bolsonaro nega as acusações.

Trump também criticou o Brasil por censurar redes sociais americanas e acumular "déficits comerciais insustentáveis" com os EUA. No entanto, dados do Escritório do Representante Comercial dos EUA indicam que, em 2024, o país registrou um superávit comercial de mais de US$ 7 bilhões com o Brasil.

A Johanna Foods, que fornece cerca de 75% do suco de laranja "não concentrado" de marca própria vendido nos EUA, argumenta que a nova tarifa não representa uma emergência econômica - como exigido pela lei - e, portanto, Trump não teria autoridade para implementá-la.

Em um documento oficial, o advogado da empresa, Marc Kaplin, afirma que a "Carta do Brasil" não tem base legal ou estatutária. "Ela não é uma ordem executiva, nem faz referência ou modifica ordens executivas existentes", diz.

Entre os clientes da Johanna Foods estão grandes redes como Walmart, Aldi, Wegman’s, Safeway e Albertsons. O CEO da empresa, Robert Facchina, afirma que a tarifa poderia gerar prejuízo de até US$ 68 milhões - mais do que qualquer lucro registrado desde a fundação da empresa em 1995.

Facchina alerta que a medida pode resultar em demissões de funcionários sindicalizados e administrativos, além de reduzir a produção em suas fábricas em Flemington (Nova Jersey) e Spokane (Washington). A empresa emprega cerca de 700 pessoas nestes estados.

No processo, a Johanna Foods pede ao Tribunal de Comércio Internacional que declare inválida a tarifa com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA). A empresa argumenta que Trump não identificou nenhuma "emergência nacional" ou "ameaça incomum e extraordinária", pré-requisitos legais para acionar essa lei.

Enquanto isso, os preços do suco de laranja já estão em alta. De acordo com o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA, o valor médio de uma embalagem de 473 ml aumentou 23 centavos no último ano - uma alta de mais de 5%, chegando a US$ 4,49.

Os contratos futuros de suco de laranja também subiram quase 40% no último mês, impulsionados pela ameaça de tarifas.

Lucas Martins

Lucas Martins

Enquanto os Estados Unidos se envolvem em uma disputa comercial complicada com o Brasil, é interessante ver como até mesmo um produto tão comum quanto o suco de laranja pode ser usado politicamente. Sarcástico ou não, parece que Trump está jogando com fogo - e quem perderá são os consumidores americanos.

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