FCC aprova venda da Paramount para a Skydance com influência política sobre CBS

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A briga no Conselho de Comunicações Federais (FCC) dos Estados Unidos teve um capítulo decisivo com a aprovação, por 2 votos contra 1, da venda da Paramount para a Skydance. O negócio, avaliado em US$ 8 bilhões, inclui a CBS e abre precedentes perigosos para a liberdade de imprensa no país.


Anna Gomez, a única commissária democrata do FCC, foi categórica em seu dissenter. Ela acusa o órgão de "impor controles jamais vistos sobre decisões editoriais e juízo de imprensa", violando assim a Primeira Emenda. A aprovação, defendida por Brendan Carr, presidente do FCC, prevê que a Skydance se comprometa a oferecer uma "diversidade de visões" em sua programação.


Para muitos, essa é uma clara interferência política no jornalismo. O acordo inclui a nomeação de um ombudsman por dois anos para garantir que as reportagens da CBS sejam "justas, imparciais e baseadas em fatos" – algo que,IRONicamente, lembra as reivindicações dos conservadores sobre viés partidário na imprensa.


Em um movimento que parece saído de uma comédia negra, Stephen Colbert, cujo Late Show será cancelado em maio do próximo ano, usou seu programa para ridicularizar o acordo. Ele não poupou elogios a Donald Trump, comparando os US$ 16 milhões pagos pela Paramount para resolver as ações de Trump como "peanuts" em comparação aos US$ 40 milhões que seu show faturaria anualmente.


Enquanto isso, o governo Trump parece ter tomado nota. Uma recente edição de South Park, emitida pela Paramount, sátiramente retratando Trump seduzindo Lúcifer, provocou uma rara declaração do Palácio Branco. A administração Trump ameaçou processar a emissora, mas o impacto real talvez tenha sido menor do que o esperado.


Ainda assim, a aprovação da venda pela FCC é um marco preocupante. Como observou Anna Gomez, ela abre caminho para que "aqueles que defendem que o governo pode e deve abusar de seu poder" tenham mais influência sobre as empresas de mídia. O Brasil, com sua própria experiência em tentativas de controlar a imprensa, pode se perguntar: quanto tempo até algo semelhante acontecer aqui?

Bruno Lima

Bruno Lima

Enquanto o mundo assiste à dança macabra no governo dos EUA, lembremos que a liberdade de imprensa é um bem precioso – e que o poder político sempre buscará controlá-lo. Resta-nos torcer para que jornalistas e empresas tenham coragem para resistir.

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