A COP30, que deveria ser um marco global para discussões sobre mudanças climáticas, está ameaçada por uma crise interna: os hotéis de Belém, no Pará, estão cobrando preços exorbitantes, o que pode levar alguns países a abandonar o evento. Em entrevista a jornalistas estrangeiros, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência, admitiu que os hotéis na maioria das cidades onde as COPs acontecem costumam dobrar ou triplicar os preços, mas no caso de Belém, os valores chegam a 10 vezes o normal.
"Há uma sensação de revolta dos países, especialmente aqueles em desenvolvimento", declarou Corrêa do Lago. "Eles estão dizendo que não poderão vir à COP por causa dos preços abusivos." A situação é tão grave que um representante dos países africanos chegou a pedir para que o Brasil desista de sediar o evento em Belém.
Enquanto isso, o governo brasileiro tenta negociar com os hotéis para reduzir os preços. "Os esforços continuam", disse Corrêa do Lago, "mas acho que os hotéis não estão se dando conta da crise que eles próprios estão provocando."
A COP30 acontece no momento em que o mundo precisa lidar com as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) até 2035 e avaliar se estamos onCloseiro ao limite de 1,5 ºC de aumento na temperatura global. "A cúpula vai nos mostrar o quão perto ou longe estamos desse objetivo", destacou o embaixador.
Além disso, a conferência deve focar na implementação de soluções e tecnologias existentes para promover uma transição energética mais sustentável. "Precisamos de muito mais recursos para isso", ressaltou Corrêa do Lago.
Enquanto o mundo discute como lidar com os combustíveis fósseis, a COP30 corre o risco de ser marcada não apenas pelas discussões sobre mudanças climáticas, mas também pela crise dos hotéis de Belém.