Recentemente, a deputada Zambelli entrou com um processo contraigo acusando-me de tê-la chamado de 'pistoleira'. Ora, eu apenas fiz referência à cena em que ela, armada e cercada por agentes de segurança, correu atrás de um jornalista em São Paulo na véspera do segundo turno da eleição presidencial de 2022. Bolsonaro culpou Zambelli por sua derrota — maldade dele, como se milhões de brasileiros decidissem seus votos baseados em uma ação isolada.
Zambelli perdeu o processo, e não apenas porque 'pistoleira' também pode ser usada para descrever alguém que porte uma arma. Enquanto isso, ela já era processada por associação com um hacker que invadiu o sistema do Conselho Nacional de Justiça a seu pedido. Condenada pelo STF a 10 anos de prisão e à perda do mandato, Zambelli fugiu para a Itália e, ontem, foi presa em Roma.
A vida de Zambelli pode ser dividida em dois períodos: antes e depois de Bolsonaro. Antes, era uma vida dura e sem brilho, onde ela teve que 'ralar' muito para chegar onde estava. Depois de ingressar na política, Zambelli se tornou uma figura importante em Brasília, frequentando as mais altas rodas e dando palpites no governo.
Casou-se com um oficial da Guarda Nacional e até esteve em um salão de festas coordenado por Sérgio Moro, que pediu demissão do cargo após ser pressionado por Bolsonaro. Zambelli tentou convencê-lo a permanecer no governo, mas não teve sucesso. Sua submissão a Bolsonaro e seu gosto por fake news a tornaram uma parlamentar temida.
Mas o que era um dia brilhante virou cinzas com o episódio da 'pistolagem'. Zambelli nunca mais foi vista ao lado de Bolsonaro, nem admitida nos palanques onde ele se apresentava. Caiu em desgraça, e por pouco não viu Bolsonaro sofrer o mesmo destino no tribunal que a condenou.
Se isso serve de consolo, Zambelli verá Bolsonaro em breve condenado e preso pelo mesmo tribunal que selou sua sorte. Dois que nada aprenderam e nada esqueceram.