Imagine um puzzle complexo, onde cada peça representa um fator que influencia o envelhecimento do nosso cérebro. A ciência sempre nos disse que a genética e o estilo de vida são peças fundamentais. Mas um novo estudo publicado na revista Nature Medicine revela que há outras peças que ainda não estávamos considerando: as condições sociais e políticas do mundo em que vivemos.
A pesquisa, realizada por 41 cientistas de 40 países, incluindo o Brasil, analisou dados de mais de 161.981 pessoas. Utilizando modelos de inteligência artificial e ferramentas epidemiológicas, os pesquisadores mediram algo chamado lacunas de idade biocomportamental (BBAGs). Essa medida compara a idade cronológica de uma pessoa com a idade estimada baseando-se em fatores como saúde geral, cognição, educação e presença de riscos de doenças.
A conclusão foi assustadora: o envelhecimento do cérebro não é apenas um destino individual. Ele também é moldado pelo ambiente que nos rodeia. Regiões com menor renda, qualidade do ar ruim, desigualdade de gênero e pouco acesso a direitos políticos estão diretamente ligados a um envelhecimento cerebral mais acelerado.
Quanto mais instável é o contexto político, quanto menos confiança as pessoas têm na estrutura governamental, maior é o risco de envelhecimento precoce. Em contraste, países com governança forte e democracias robustas apresentaram os melhores resultados no estudo.
O Brasil, infelizmente, está em posição intermediária nesse ranking global. Isso nos faz refletir: como podemos melhorar nossas condições sociais para promover um envelhecimento mais saudável?