Em um movimento histórico, o Reino Unido encerrou recentemente um privilégio fiscal que durou mais de 200 anos: o status de 'non domicilié'. Este estatuto permitia a pessoas ricas residentes no país, mas não consideradas domiciliadas, evitarem pagar impostos sobre rendimentos obtidos no exterior, desde que esses recursos não fossem repatriados.
Este regime contribuiu para consolidar Londres como um dos epicentros financeiros do mundo, atraindo banqueiros e investidores de elite. Agora, com o fim desse privilégio, o governo britânico espera arrecadar mais impostos, mas corre o risco de ver capital e talentos saírem do país.
Estima-se que 74.000 pessoas beneficiavam-se desse status no ano passado, gerando receita indireta significativa para a economia londrina por meio de consumo de luxo, investimentos imobiliários e gastos com educação. Para mitigar os impactos imediatos da mudança, um regime transicional foi introduzido: isenção fiscal de quatro anos para novos residentes, independentemente do status.
Contudo, estudos indicam que até 30% dos 'non dom' atuais poderiam deixar o país, segundo a Adam Smith Institute, e o relatório Henley prevê que 16.500 milionários migrem em 2025. Enquanto isso, Londres já perde posição no ranking de cidades com mais bilionários desde o Brexit.
Enquanto a Inglaterra lida com as consequências de seu passo fiscal, países como a França podem se beneficiar, oferecendo um ambiente atrativo para quem procura refúgio fiscal. Será que outros hubs financeiros seguirão o exemplo do Reino Unido ou buscarão manter suas vantagens? Apenas o tempo dirá.