A fome em Gaza não é uma nova notícia, mas seu volume e intensidade têm tomado proporções alarmantes. Enquanto crianças como Yazan Abu Ful, de dois anos, sofrem de desnutrição severa, o Primeiro-Ministro israelense Benjamin Netanyahu insiste que ninguém está morrendo de fome no território palestino. Essa afirmação, no entanto, contrasta drasticamente com as imagens e relatos internacionais que mostram crianças esqueléticas e adultos desesperados por comida.
Donald Trump já se pronunciou sobre o tema, discordando de Netanyahu e chamando atenção para a sistemática fome na região. Diante da pressão internacional, Israel anunciou medidas humanitárias, como pausas no combate, ações aéreas e doações, mas muitos residentes relatam que nada mudou significantemente. A ONU descreve essas ações como um aumento de ajuda por uma semana, sem previsão de continuação.
Hasan Al-Zalaan, testemunha de um dos pontos de distribuição, descreveu o caos que se instalou: "Essa ajuda, entregue dessa maneira, é uma ofensa ao povo palestino." Enquanto isso, Somoud Wahdan aguarda ansiosamente a chegada de alimentos para seu filho, enquanto o centro médico onde ele é tratado vê mortes de crianças saudáveis pela primeira vez.
Os números são chocantes: 63 mortes relacionadas à desnutrição em julho, incluindo 24 crianças. A taxa de malnutrition aguda triplicou no norte de Gaza, atingindo quase um em cada cinco crianças abaixo de cinco anos. As quatro unidades de tratamento especializadas na região estão superlotadas.
Netanyahu culpa o Hamas por desviar ajuda, mas a ONU nega que haja um saque sistemático. Ainda assim, os israelenses argumentam que permitem a entrada de 95.435 caminhões de ajuda desde o início da guerra, apesar disso ser longe do necessário (cerca de 500-600 por dia). No entanto, muitas vezes os israelenses impedem ou negam a entrada de caminhões humanitários.
A situação em Gaza lembra aqueles momentos trágicos na História, onde governos usam fome comoarma política. No Brasil, não podemos evitar o paralelo: quantas vezes vimos crises semelhantes, com promessas de ajuda e pouco ou nada feito? A diferença é que lá, a fome é deliberada.
Enquanto isso, as crianças como Yazan Abu Ful continuam a sofrer, suas pequenas vidas sejam testemunhas silenciosas desse drama humano que transcende Gaza e se alastra por todo o mundo.