Em plena batalha política e econômica, a França se debate com um novo plano para reduzir o déficit de 44 bilhões de euros. Esse esforço não é apenas uma questão financeira – está profundamente enraizado na lógica política do país. Enquanto o primeiro-ministro apresenta medidas inéditas, a realidade é que essas ações representam apenas um quarto do ajuste necessário para controlar a expansão da dívida pública.
Os números não mentem
Estimativas convergem em um ponto: para estabilizar a dívida pública de forma durável, o déficit precisa ser reduzido em cerca de 110 bilhões de euros. Dos 44 bilhões anunciados, apenas parte visa evitar uma alta do déficit atual. Isso significa que o esforço real de redução é de 27 bilhões, ou seja, um quarto do total necessário.
Essa consolidação não deve necessariamente levar a uma queda no poder de compra, mas sim a um crescimento mais lento. Projeções indicam que a economia francesa crescerá 1,1% em 2026, com o esforço de redução equivalendo a quase quatro quintos desse crescimento.
Justiça fiscal e dilemas técnicos
Além das discussões sobre números, há um debate acalorado sobre como distribuir esse esforço. Deveriam os mais ricos pagar mais? Os aposentados devem contribuir? Essas perguntas dividem opiniões, mas o desafio é maior: não existe uma ferramenta fiscal única que possa garantir uma distribuição justa.
É preciso combinar diferentes instrumentos – como reduções de gastos e aumento de receitas – para traçar um caminho sustentável. No entanto, o horizonte político curto torna essa tarefa ainda mais complicada, já que os debates se centram em resultados a curto prazo.