A Organização das Nações Unidas (ONU) criticou duramente uma nova ordem de deslocamento emitida pelo exército israelense em Gaza, chamando-a de 'golpe devastador' em um contexto já extremamente frágil. A ação ordenou que civis deixassem grande parte de Deir al-Balah, no centro de Gaza, no domingo (20), sendo mais uma medida em uma série que já havia deslocado centenas de milhares de pessoas para territórios cada vez menores no sul.
Em um comunicado, o OCHA (Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU) afirmou que a ordem afeta uma área de aproximadamente 5,6 quilômetros quadrados e estima-se que entre 50 e 80 mil pessoas estejam na região. Muitas delas já se encontravam em locais de deslocamento.
Ainda segundo o OCHA, a área designada para retirada incluiu armazéns humanitários, instalações médicas e infraestrutura hídrica crítica. Qualquer dano a essa infraestrutura poderá resultar em consequências fatais. Com esta medida, 87,8% da Faixa de Gaza agora está sob ordens de deslocamento ou dentro de zonas militarizadas israelenses, deixando 2,1 milhões de civis压缩idos em apenas 12% do território.
Os militares israelenses pretendem expandir suas atividades na área, operando em locais onde nunca haviam atuado antes, segundo o porta-voz Avichay Adraee. A ONG MAP, que presta assistência médica à população palestina, alertou que a ordem coloca em risco locais vitais de assistência humanitária e saúde primária, acelerando o desmantelamento do já fragilizado sistema de saúde de Gaza.
Testemunhos de civis mostram a angústia da população. Thurayya Abu Qunneis contou que saiu por medo de perder os filhos e disse: 'Estamos fartos do que aconteceu, não conseguimos dormir ou comer.' Outro residente, Mohammad al Najiri, questionou: 'Por que querem que saíamos se não há membros do Hamas aqui?'
A situação humanitária em Gaza continua a deteriorar-se rapidamente, com serviços essenciais entrando em colapso e a população cada vez mais vulnerável.
