Guerra dos Mundos: A Novela que Faria Orson Welles se Arrepiar

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Na era da streaming, é quase inevitável que uma adaptação de Guerra dos Mundos chegue a nós com o visual pixelado de uma webcam e a trama confinada a um único computador. Timur Bekmambetov, responsável por filmes como Searching, tenta novamente explorar o gênero do thriller tecnológico, mas desta vez parece ter se perdido em um universo onde os aliens são apenas mais uma distração para os anúncios da Amazon Prime.

A sátira à vigilância e à paternidade tóxica
Ice Cube interpreta Will Radford, um analista de segurança nacional com mais tempo livre do que deveria. Seu dia típico inclui monitorar os filhos através das câmeras de vigilância da DHS (Departamento de Segurança Nacional) e mandar recados para o filho adolescente sobre o consumo excessivo de games. A personagem é apresentada como um homem que vive em uma espécie de现实 onde a tecnologia serve apenas para controlar os outros, incluindo sua própria família.

O filme tenta explorar temas como a privacidade e a parentalidade autoritária, mas acaba se perdendo em uma trama confusa e cheia de gafes. A invasão alienígena é apresentada de forma tão desinteressante que parece mais um pretexto para justificar as cenas deIce Cube gritando "Fora deste planeta!" do que algo que realmente ameace a humanidade.

A gigantesca ironia da produção
É impossível assistir a Guerra dos Mundos sem notar aprofundada ligação com a Amazon. A trama parece ter sido concebida para funcionar como um longo comercial para a Prime, onde até os soldados usam furgões de entrega do serviço. Até mesmo o momento em que um entregador salva o dia é uma clara alusão ao marketing da empresa.

Para piorar, a equipe de produção parece ter se esforçado para criar um visual que lembre filmes antigos de baixo orçamento, com as cenas de destruição apresentadas de forma tão borrada que chega a ser engraçada. A crítica implícita aqui é que, em tempos modernos, até uma invasão alienígena parece mais convincente quando vista através de um telefone celular.

Apesar disso, o filme consegue arrancar algumas risadas graças à presença de Ice Cube e às suas expressões facialmente limitadas. Ele encarna com maestria o pai controlador que, no fundo, é apenas mais uma vítima da era digital.

Maria Oliveira

Maria Oliveira

Enquanto assistíamos a Guerra dos Mundos, tínhamos flashes de nostalgia por aquela época em que as invasões alienígenas eram algo digno de pânico coletivo. Hoje, no entanto, parece que o maior impacto é o de assistir a um filme que tenta ser assustador, mas acaba sendo engraçado e desanimador. E, claro, não podemos negar que a Amazon está sempre presente, como se fosse a única solução para tudo.

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