A era da inteligência artificial (IA) chegou definitivamente à política. Em um movimento inédito, o National Democratic Training Committee (NDTC) lançou o primeiro manual oficial para que as campanhas democratas usem IA de forma responsável. Com a proximidade das eleições intermediárias, o treinamento visa equipar candidatos a usar ferramentas modernas sem perder de vista a ética e a transparência.
Para muitos, a ideia de AI em política pode soar futurista ou até mesmo ameaçadora. No entanto, o NDTC não apenas reconhece o potencial da tecnologia como também aposta na necessidade de adotá-la para competir com os Republicanos, que já estão bem à frente no uso estratégico de IA. Enquanto os Democratas hesitavam em anos anteriores, os GOP investiram pesado, inclusive em ferramentas de deepfake e publicidade personalizada.
O treinamento inclui três módulos: um sobre como a IA funciona, outro com casos de uso específicos para as campanhas (como conteúdo social, mensagens de engajamento e pesquisa) e um terceiro que orienta quais práticas evitar, como usar IA para enganar eleitores ou substituir artistas gráficos. A transparência é destaque: o NDTC insiste que, sempre que a IA significativamente contribui para o desenvolvimento de políticas ou conteúdo pessoal, isso deve ser revelado.
"A IA é uma necessidade competitiva", afirma Donald Riddle, designer instrucional sênior do NDTC. "Não é um luxo. Quanto mais cedo os candidatos se sentirem confortáveis em usá-la de forma responsável, melhor."
Para times pequenos e com poucos recursos, a IA pode ser um jogo de números. Com ferramentas como o Campaign Nucleus, os Republicanos já gastaram mais de US$ 1,2 milhão em ferramentas de IA na última eleição. Em contraste, os Democratas, que ainda estão aprendendo a remarcar, podem transformar uma equipe de cinco pessoas em algo equivalente a um time de 15, graças à eficiência da tecnologia.
É interessante observar que, assim como na economia ou na medicina, a IA está se tornando cada vez mais essencial na política. No entanto, o desafio é velar para que sua adoção não se torne uma arma de dois gumes, capaz de tanto promover mudanças positivas quanto destruir confiança pública.