Em meio a uma nuvem de acusações e ameaças, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) deixou o Brasil utilizando um passaporte diplomático, desafiando inclusive uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Antes de embarcar para os Estados Unidos, durante o recesso parlamentar, ele fez um discurso no Senado que beirava a provocação.
Do Val afirmou que um órgão internacional ligado à ONU condenou Moraes por crimes de violações de direitos humanos contra ele próprio. A afirmação, recheada de ironia e meias verdades, tenta desqualificar a atuação do ministro e ganhar notoriedade internacional.
'Só queria informar que um órgão da ONU condenou Alexandre de Moraes por crimes contra a humanidade. E não é qualquer órgão, é a União Interparlamentar, com vários prêmios Nobel da Paz', disse ele, em clima de teatralização.
O senador capixaba parece ter esquecido que, no Brasil, decisões do STF não dependem de opiniões internacionais. E que a percepção de 'perseguição política' muitas vezes é apenas um discurso de quem não aceita ver suas ações questionadas.
Ainda no discurso, ele listou uma série de violações que sofreu, como a apreensão do passaporte e o bloqueio de R$ 50 milhões. No entanto, omitiu que essas medidas foram tomadas após investigações sérias, não por motivos políticos.
'Eu continuo sendo um perseguido político', repetia ele, em tom de vítima. Mas a verdade é que, no Brasil, não se combate crime cometendo mais crimes. E o jogo de esconde-esconde com os órgãos da Justiça não leva ninguém a lugar algum.