Memorial confederado custará US$ 10 milhões para ser restaurado

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Em um giro ironicamente cômico dos eventos históricos, o governo dos Estados Unidos anunciou que gastará aproximadamente US$ 10 milhões para restaurar um memorial confederado no Cemitério Nacional de Arlington. A notícia chega em meio a uma discussão acalorada sobre o que significa preservar ou apagar nossa história, especialmente em um país onde o racismo sistêmico ainda é um tema tabu.


Este memorial, erguido em 1914 por um escultor e veterano confederado, Moses Ezekiel, retrata uma figura feminina clássica coroada com folhas de oliveira, representando o Sul Americano. Ao seu lado, há representações sanitizadas da escravidão — ou seja, tentando minimizar a atrocidade. A própria inscrição latina na estátua sugere que a secessão do Sul foi uma causa nobre, um erro de interpretação que glorifica o conflito como uma luta pelo poder federal em vez de enaltecer a instituição da escravidão.


Em 2022, uma comissão congressionamente mandatada recomendou a remoção ou renomeação desse memorial e de outros ativos militares que faziam referência à Confederação. Entre seus membros, o brigadeiro-general aposentado Ty Seidule declarou que a estátua era 'probleática do início ao fim'. No entanto, em um movimento que parece saído de uma comédia negra, o Pentágono anunciou recentemente que reinstallará o memorial no cemitério, onde outrora esteve a terra do general confederado Robert E. Lee.


A ironia não poderia ser maior: enquanto discutimos sobre como interpretar nossa história, o governo investe milhões para restaurar um símbolo de uma era marcada pelo racismo e pela opressão. E é justamente em nome de 'honrar' a história que estamos fazendo isso. Quanta elegância...

Carlos Souza

Carlos Souza

Há algo de profundamente cômico — ou trágico — na ideia de gastar milhões para restaurar um monumento que, no melhor dos mundos, é controverso, e no pior, é um ícone de um período marcado pelo racismo. Será que não temos melhores maneiras de homenagear nossas vítimas da escravidão? Ou, pelo menos, seríamos mais inteligentes em reconhecer nossos erros?

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