Em pleno coração de São Paulo, o Minhocão ergue-se como uma obra arquitetônica que teve seu destino traçado pelo tempo. Construído em 1971, durante a gestão de Paulo Maluf, este viaduto de concreto sempre foi sinônimo de trânsito e degradação urbana. Por décadas, ele serviu apenas como uma via para o fluxo de veículos entre a Zona Oeste e o Centro da cidade.
Mas tudo mudou em 1989, quando o Minhocão passou a ser fechado aos domingos, transformando-se num espaço alternativo para esportes, lazer e arte. A ideia de convertê-lo em um parque suspenso ganhou força após 2012, inspirada pelo exemplo do High Line, em Nova York.
Hoje, o Minhocão é um dos pontos mais interessantes da cidade. Ele abriga uma das maiores galerias de arte urbana a céu aberto do mundo, com murais e grafites que se renovam constantemente. O local virou ponto turístico não oficial, atraindo visitantes locais e internacionais.
A transformação do Minhocão reflete uma tendência global: a recuperação de espaços urbanos abandonados para fins culturais e sociais. Em São Paulo, onde o concreto e o trânsito dominam, ver um viaduto se tornar palco de espetáculos artísticos é quase revolucionário.
Contudo, não são só flores. A região ainda enfrenta desafios como segurança pública e problemas sociais, como a alta presença de pessoas em situação de rua e o consumo de drogas. Apesar disso, o Minhocão continua atraindo turistas e amantes da arte que buscam experiências únicas.
Enquanto isso, o futuro do parque permanece incerto. Em 2018, uma lei foi aprovada para transformar definitivamente o viaduto em um espaço público fixo, mas o projeto ainda não saiu do papel. Até lá, o Minhocão continua a ser um exemplo de como as cidades podem reinventar-se, mesclando passado e presente em um só local.