Espião russo acusado pelo PCC é inocentado de espionagem, mas terá problemas legais

O Ministério Público Federal (MPF) arquivou um inquérito que investigava o russo Sergey Vladimirovich Cherkasov, detido na Penitenciária Federal de Brasília e ameaçado de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).

Apesar das inicialmente fortes suspeitas de espionagem, os procuradores concluíram que não havia evidências suficientes para incriminá-lo por esse crime no Brasil. Cherkasov, que usava a identidade falsa de Victor Muller Ferreira, foi investigado por possíveis ligações com ações de inteligência em território brasileiro e internacional.

No entanto, o MPF descobriu indícios claros de lavagem de dinheiro. Entre 2021 e 2022, ele recebeu R$ 89,6 mil em depósitos fracionados de R$ 2 mil, realizados por funcionários consulares russos em uma agência bancária no Leblon, Rio de Janeiro.

A investigação também apontou que Cherkasov comprou um apartamento em Cotia (SP) por R$ 190 mil, usando criptomoedas e transferências bancárias. Embora não haja indícios claros de ocultação na aquisição do imóvel, os repasses feitos por funcionários consulares configuram lavagem de dinheiro.

Cherkasov foi condenado em 2022 a 15 anos de prisão por fraude de documentos, mas teve a pena reduzida para 5 anos e 2 meses. Ele está preso desde abril de 2022 e sua liberdade condicional é temida pelas autoridades, que temem repatriação ou assassinato pelo PCC.

Enquanto isso, o MPF concentra esforços em outras frentes da investigação, especialmente na suspeita de participação de Cherkasov em organizações criminosas dedicadas à produção de documentos falsos e possíveis ligações com agentes infiltrados.

A disputa entre os governos dos Estados Unidos e da Rússia pelo seu destino adiciona camadas de complexidade ao caso, que promete virar página em 2025.