A queda da Ponte Juscelino Kubitschek, que ocorreu no dia 22 de dezembro de 2024, é um triste exemplo de como a negligência e o descaso por parte das autoridades podem levar à perda de vidas inocentes. O acidente, que vitimou 14 pessoas e deixou outras três desaparecidas, ocorreu poucos dias antes do Natal, numa época em que as estradas estão especialmente movimentadas.
Segundo o laudo da Polícia Federal, a queda da ponte foi causada por uma deformação no vão central, resultado do excesso de peso dos veículos que cruzavam o local. A perícia, que durou setembro meses, revelou que a estrutura já apresentava problemas sérios há anos. Em 2019, um relatório técnico já apontava a precária condição da ponte, recomendando reformas urgentes. No entanto, nenhuma ação significativa foi tomada até o momento do desastre.
A construção da ponte, realizada na década de 1960, foi um feito de engenharia para a época. Contudo, com o passar das décadas, a estrutura não acompanhou o crescimento da frota de veículos e a carga transportada, além de sofrer com o tempo. A última reforma, realizada entre 1998 e 2000, incluiu um reforço lateral que, segundo os peritos, pode ter comprometido a estabilidade da ponte.
Em entrevista, o delegado Allan Reis de Almeida afirmou não haver dúvida sobre a existência de crime. 'Houve uma omissão por parte de agentes públicos quanto à manutenção da obra', disse ele. Atualmente, a Polícia Federal está ouvindo os responsáveis pelo planejamento de recuperação da ponte para entender porque as reformas não foram realizadas e porque o fluxo de veículos não foi interrompido.
Enquanto isso, uma nova ponte está sendo construída no local. Com 630 metros de extensão e um vão central de 154 metros, a obra, orçada em R$ 171 milhões, deve ser concluída até dezembro de 2025. No entanto, os moradores da região ainda enfrentam dificuldades para atravessar o rio Tocantins, com longas filas formadas nas balsas que substituem a ponte durante a construção.
O caso da Ponte Juscelino Kubitschek serve como um alerta sobre a importância da manutenção constante de infraestruturas e da prevenção de acidentes. 'Se tivéssemos uma manutenção adequada, no tempo correto, e reavaliações periódicas da carga suportada pelas pontes, talvez pudéssemos evitar que isso acontecesse novamente', destacou o diretor técnico-científico da Polícia Federal, Roberto Reis Monteiro Neto.
