A ciência, finalmente, se permitiu ser engraçada. Em Praga, entre os dias 10 e 13 de junho, cientistas de diversas áreas reuniram-se para o Woodstock Bio2+ Night Science, uma conferência que promete revolucionar a forma como a pesquisa é apresentada e avaliada no mundo.
Uma homenagem ao festival de 1969, o evento misturou música, dança e slides científicos de apenas uma página. Cientistas tiveram que se defenderem de 'búns' após excederem os cinco minutos de palestra, enquanto outros apresentaram suas pesquisas em rimas ou ao som de ukuleles. Até um casamento simbólico aconteceu no campo de Soběšín, com promessas de compartilhar dados e escrever cartas de recomendação sem usar o ChatGPT.
Organizado por Oded Rechavi, da Universidade de Tel Aviv, e Itai Yanai, da New York University, o encontro buscou desafiar a rigidez tradicional das conferências científicas. Em sua palestra, Rechavi propôs revolucionar o processo de revisão peer, usando inteligência artificial para 'suplementar ou reforçar' as avaliações de papers. Enquanto isso, Yanai conduziu um workshop onde os participantes tinham que discutir suas piores ideias, possivelmente descobrindo publicações em Nature no processo.
Entretenimento à parte, o evento teve uma dimensão séria: mais de 200 pesquisadores, incluindo principais investigadores, doutorandos e pós-doutorandos, compartilharam estudos sobre flatworms, melanoma metastático e até a dinâmica de redes neuronais em platos de Petri. Chaitanya Chintaluri, por exemplo, questionou o que impulsiona os neurônios 'conversarem' entre si sem nenhum estímulo externo.
"Estamos tentando reimaginar a ciência de forma não burocrática e não cansativa", declarou Rechavi. "Ao agir de maneira傻气 ou engraçada, estabelecemos um tom aberto onde podemos ser autênticos e vulneráveis."
Com participações em locais inusitados da cidade, como trens e acampamentos, a conferência não apenas redefiniu o futuro da pesquisa, mas também celebrou a diversidade e criatividade dos cientistas. Como disse Sara Bologna, de CEITEC: "Mostra a personalidade dos cientistas - todos nós somos únicos."