Imagine que algo tão temido quanto o veneno de escorpião possa salvar vidas. Isso não é mito, mas realidade. O soro antiescorpiônico, produzido a partir do próprio veneno desse animal, é um exemplo da medicina moderna capaz de transformar o perigo em salvação.
Todo ano, milhares de brasileiros são picados por escorpiões. Para muitos, especialmente crianças menores de 7 anos, a situação pode se tornar grave. É aqui que entra o soro, um produto essencial no arsenal médico para neutralizar o veneno e salvar vidas.
Do escorpião ao laboratório
A jornada do veneno de escorpião até a produção do soro é longa e complexa. Em primeiro lugar, os escorpiões são mantidos em viveiros controlados. A cada extração, um simples escorpião pode fornecer apenas 0,20 mg de veneno. Com 3.500 desses animais, a Funed consegue suprir as necessidades.
Após a extração, o veneno passa por processos rigorosos: centrifugação, liofilização e armazenamento. Depois, é usado para imunizar cavalos, que produzem anticorpos contra o veneno. O sangue destes animais é coletado e o plasma obtido é a matéria-prima do soro.
Das fábricas ao paciente
Cada cavalo pode produzir até 110 litros de plasma por ano. Com 14 animais exclusivamente dedicados a essa tarefa, a Funed consegue fabricar o soro em larga escala. O processo é meticuloso: um litro de plasma rende 45 ampolas de 5 mL.
Para garantir que o soro esteja disponível em todo o país, o Ministério da Saúde coordena a distribuição para os estados e municípios. Esse esforço é fundamental, especialmente nos locais onde as picadas são mais comuns.
O veneno que salva
Apesar de ser um produto essencial, poucos sabem como o soro é produzido. A cada dose, estamos lembrando de uma lição da natureza: até o maior perigo pode conter a chave para a cura.