Em um país onde o celular é quase que universal, com 97% dos domicílios brasileiros possuindo pelo menos um aparelho, o telefone fixo segue resistindo, mas em um ritmo de decreto. Enquanto apenas 7,5% das casas mantêm ainda o velho amigo, o restante se rendeu à mobilidade e à praticidade que os celulares oferecem.
Para muitos, o telefone fixo não é mais do que um relicário de memórias. É aquele dispositivo que toca com a melodia antiga, lembrando telefonemas de mãe ou avó, ligações que transcendem o tempo e se transformaram em laços afetivos. Elis Regina Araújo, por exemplo, mantém o telefone fixo em casa não apenas por funcionalidade, mas porque ele é um elo do passado, uma constância em meio ao fluxo das mudanças.
Enquanto isso, os celulares se tornaram o centro da comunicação brasileira. Eles são usados para ligações, mensagens, transações bancárias e até como principal fonte de internet em 92% dos lares. No entanto, a despeito do seu ubiquidade, ainda existem 2,6% das casas sem nenhum tipo de telefone, um número que, embora pequeno, representa cerca de 2,1 milhões de brasileiros.
Os dados do IBGE revelam também as desigualdades regionais. Nas cidades, a cobertura de rede móvel é quase total (95,3%), enquanto no campo o índice cai para 65,8%. Essa diferença de 29,5 pontos percentuais entre urbano e rural é a maior já registrada.
É interessante notar que o declínio do telefone fixo não se trata apenas de uma questão técnica ou econômica. É também um fenômeno cultural, um movimento de gerações. Enquanto as mães ainda mantêm aquele aparelho em casa, as filhas já navegam exclusivamente por aplicativos e redes sociais no celular.
Assim como Elis, muitos brasileiros se apeguaram ao telefone fixo não por necessidade, mas por那份 sentimentode segurança e familiaridade. É um ícone que resiste, mesmo que timidamente, em meio à avalanche da tecnologia móvel.