Recentemente, um post viralizou nas redes sociais afirmando que a vacina contra a gripe aumenta o risco de adoecer. Baseando-se em um estudo não revisado e hospedado em um repositório de manuscritos pré-publicados, a publicação gerou alarme e desconfiança. No entanto, especialistas alertam que tais afirmações são baseadas em fragilidades metodológicas e interpretações inadequadas.
De acordo com o CDC dos Estados Unidos, a vacina é essencial para prevenir milhões de casos graves da doença. Mayra Moura, doutora em Saúde Coletiva e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), ressalta que:
"A vacina não aumenta o risco de contrair a gripe. Ou o imunizante funciona, ou não há resposta imunológica. Não existe evidência que comprove o contrário."
O estudo em questão foi conduzido apenas com funcionários de uma clínica específica nos Estados Unidos e não apresenta diversidade populacional. Além disso, o acompanhamento dos participantes ocorreu entre outubro de 2024 e março de 2025, período em que a proteção da vacina pode já estar diminuindo.
Outra questão é o fato de o estudo não ter sido revisado por pares. O medRxiv, onde ele foi publicado, alerta que tais manuscritos devem ser usados apenas como base para práticas clínicas ou comportamentos de saúde com cautela.
A publicação também recorreu a técnicas de persuasão emocional, como manchetes alarmistas e imagens que evocam medo. No entanto, o Ministério da Saúde brasileiro mantém firme a recomendação da vacina como a melhor forma de prevenção contra formas graves da doença.
Enquanto isso, no Brasil, a campanha nacional de vacinação continua mobilizando milhões. No entanto, o impacto da desinformação não pode ser ignorado. "A cada postagem falsa, mais difícil fica convencer as pessoas da importância da imunização", lamenta Mayra.