A corrida ao anonimato online no Reino Unido está mais acirrada do que nunca. Com a entrada em vigor da Online Safety Act, que impõe verificações de idade online, o número de buscas e assinaturas de serviços VPN disparou. ProtonVPN registrou um aumento impressionante de mais de 1.400% no volume de cadastros após a adoção das novas regras.
Quem diria que o sigilo teria se tornado tão necessário? Enquanto o governo britânico luta para proteger crianças da pornografia e de conteúdo danoso, os adultos estão recorrendo a ferramentas como VPNs para circumventar essas restrições. É um jogo de gato e cachorro digital, onde a privacidade se confronta com a regulação.
Ofcom, o novo guardião da internet, já avisou: empresas que falharem em implementar as verificações de idade enfrentarão multas pesadas — até 18 milhões de libras ou 10% da receita global. Até mesmo CEOs podem ser responsabilizados criminalmente. É um quadro impressionante de poder estatal sobre o conteúdo online.
Porém, como provar que alguém é maior de idade sem invadir a privacidade? Aposta em selfies e cópias de documentos oficiais parece inevitável. Mas basta lembrar do caso da Tinder, que sofreu um vazamento de dados recentemente, para perceber os riscos envolvidos. É um dilema clássico: proteção versus privacidade.
Enquanto isso, no front da inovação, as VPNs estão subindo nas tabelas de downloads da Apple Store britânica. É sinal claro de que a demanda por ferramentas de circumvenção está em alta. Até o Pornhub já sentiu o impacto, retirando-se da Flórida após a implementação de uma lei semelhante e assistindo a um boom no uso de VPNs para driblar a regulação.
Resta a pergunta: será que o Reino Unido está construindo sua própria 'Grande Cortina Digital'? A comparação com a China é inevitável, mas a iniciativa britânica parece mais motivada por preocupações sociais do que geopolíticas. Ofcom promete fiscalização rigorosa, mas reconhece que as verificações de idade não são uma 'bala de prata' — sempre haverá adolescentes determinadas a circumventar os sistemas.
Enquanto isso, no Brasil, observamos com certa ironia o quanto nossa própria legislação sobre internet e privacidade anda atrasada. Será que um dia também teremos de decidir entre proteger nossos jovens ou preservar a liberdade online?