Mais de 11 toneladas de açaí, incluindo 10 toneladas de polpa e 1,5 tonelada de pó, estão paradas no Amapá após a tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos. A carga, que seria exportada para os EUA, foi suspensa por produtores locais, que avaliaram a baixa competitividade do produto diante das novas taxas.
A situação afeta diretamente os extrativistas da região Norte, especialmente no arquipélago do Bailique, onde cerca de 10 mil ribeirinhos vivem da colheita do fruto. Amiraldo Picanço, presidente da cooperativa AmazonBai, explicou que a polpa será redirecionada para Portugal, enquanto o açaí em pó ainda não tem perspectiva de mercado.
"Esse produto tem alto valor agregado e foi desenvolvido para atender mercados internacionais. Ainda é difícil inseri-lo no mercado nacional", destacou Amiraldo.
A tarifaço de Trump também impacta o setor de exportações do Amapá, que concentra quase toda a produção nacional de açaí. O estado pode perder até R$ 36 milhões com a nova taxa, que já provocou a suspensão de remessas antes mesmo de sua entrada em vigor.
Enquanto isso, o açaí brasileiro pode virar um alimento de luxo nos EUA. Atualmente, tigelas do produto custam até US$ 18 em redes como Playa Bowls e Oakberry. Com as taxas, os preços tendem a subir ainda mais.
"Vai ter impacto em toda a cadeia produtiva, desde o produtor que colhe na floresta até as indústrias que processam, armazenam e comercializam o açaí",