Em um verão que prometia ser tranquilo, a notícia de um acordo entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos vem mexendo com as estruturas do mundo comercial. A oficialização da possibilidade de os europeus aceitarem pacificamente uma tarifa de 15% sobre suas exportações para os EUA é, sem dúvida, algo extraordinário.
Porém, além das discussões francesas (que, como se sabe, raramente são subtis ou benevolentes com a UE ou os EUA), julgar definitivamente parece precipitado. Como em todos os acordos comerciais anunciados pelo governo Trump, que adora prometer soluções drásticas, por ora só temos as palavras dos líderes. Os detalhes, entretanto, virão apenas com a publicação de um texto comumente aceito, algo que essa administração nem sequer garante.
Principalmente, os europeus estariam aceitando tarifas de 15% sobre seus US$ 532 bilhões em exportações para os EUA em 2024, renunciando às retaliações que essa violação grosseira do direito internacional permitia. Esse nível de tarifa corresponde ao praticado atualmente, e não a um aumento como no caso do Reino Unido (+10%).
Muitos produtos sensíveis já enfrentavam taxas entre 5% e 15%, especialmente no setor agrícola, o que reduz o tamanho das concessões europeias. Além disso, os veículos, sujeitos a tarifas de 27,5% desde abril, veriam uma redução prática nas exportações da UE.
Exemptos aplicam-se também: em um quadro zero para zero, toda a aeroespacial e minerais, assim como «certos» produtos químicos, farmacêuticos, agrícolas (incluindo bebidas) e semi-condutores teriam suas tarifas revogadas. Segundo um escopo ainda a ser definido, isso afetaria entre 10% e 20% das exportações da UE para os EUA.
Acordo entre EUA e UE: Uma Trégua Incerta no Comércio


Enquanto o mundo assiste a esse jogo de xadrez comercial, é impossível não se perguntar: será que alguém realmente ganha, ou estamos todos jogando no escuro?
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