Desde o dia 9 de julho, os cinéfilos brasileiros podem desfrutar de uma rara retrospectiva dedicada a Claude Chabrol (1930-2010).
Esta homenagem, organizada pela distribuidora Tamasa, teve seu ápice no Festival de La Rochelle e inclui filmes icônicos como Les Biches (1968), La Femme infidèle (1969) e Que la bête meure (1969). São sete longas-metragens pouco conhecidos, que não eram exibidos em salas há anos, mergulhados num complicado embrolho judicial sobre seus direitos de exploração.
O antigo detentor dos direitos, o distribuidor Pierre-Richard Muller, não conseguia oferecer versões restauradas adequadas dos filmes até que a Justiça determinasse, em 2023, por meio de um administrador judicial, que a gestão fosse transferida para Tamasa. O conflito entre os herdeiros de Chabrol e o distribuidor ainda está pendente nos tribunais.
Essa história remonta aos anos 1960. Depois do sucesso inicial com Le Beau Serge (1958), que lhe rendeu o Prêmio de Melhor Diretor em Locarno, e Les Cousins (1959), Chabrol passou por um período difícil. Em 1967, o jovem produtor André Génovès ofereceu-lhe um salário para que pudesse criar com tranquilidade. Assim nasceu uma relação frutífera, resultando em 14 filmes. No entanto, a parceria terminou de forma amarga.
Chabrol enfrentou fracassos comerciais com Une Partie de Plaisir (1975) e Les Innocents aux Mains Sales (1975). Enquanto isso, Génovès se envolveu em negócios arriscados, como a criação de uma equipe de cavalos de corrida, que culminou em sua falência após o fracasso comercial de Mado, de Claude Sautet, em 1976.