A Apple anunciou recentemente um investimento adicional de US$ 100 bilhões nos Estados Unidos, uma decisão que parece ter sido motivada, em parte, pela estratégia da empresa de evitar os impactos das tarifas impostas pelo governo Trump. Enquanto isso, a administração estadunidense celebra o anúncio como um passo importante para 'relocalizar' a produção de componentes críticos, a verdade parece ser mais complexa — e um tanto cínica.
Uma jogada estratégica
A gigante tecnológica já havia investido US$ 500 bilhões no país, focando em pesquisa e desenvolvimento, engenharia de semicondutores e inteligência artificial. Agora, com a nova fatia de investimentos, Apple busca fortalecer suas parcerias com empresas locais como Corning (que fornece o vidro para iPhones) e Amkor (especializada em embalagem de chips).
Política e relações públicas
É importante lembrar que a Apple não está agindo apenas por iniciativa própria. Com a ameaça de tarifas elevadas sobre produtos fabricados na Índia (principalmente os iPhones), a empresa viu-se obrigada a reorientar suas estratégias. Tim Cook, CEO da Apple, declarou recentemente que o novo programa de制造 nos Estados Unidos "inclui novos e parceiros expandidos em todo o país", uma clara tentativa de alinhar-se com as prioridades políticas locais.
O jogo de espelho
É curioso notar que muitas das parcerias anunciadas já estavam em curso há anos. A decisão de Trump, durante seu primeiro mandato, de incentivar a fabricação de iPhones nos Estados Unidos teve um impacto significativo — embora não concretizado, afetou a estratégia da empresa. Agora, com a nova administração, Apple parece estar jogando simultaneamente no campo político e no econômico, mantendo-se em posição vantajosa.
Conectividade global
No contexto brasileiro, é impossível não comparar essa decisão com as nossas próprias dinâmicas econômicas. Enquanto aqui debates sobre incentivos fiscais e localização de empresas estão em pauta, a Apple nos lembra que, no palco global, a estratégia empresarial sempre anda de mãos dadas com a diplomacia.