Em uma noite fatigante e repleta de curiosidade, o mundo da moda assistiu à apresentação final da semana de estilo de Paris, em 2009. A Chanel, sempre à altura das expectativas, invadiu o Grand Palais com um espetáculo que misturava elegância e história. No palco, mannequins desfilavam vestidas de preto, com colares e mangas brancas que lembravam a sutileza da Renascença. O tweed e os padrõesgeométricos do tecido eram reminiscências da época de Catherine de Médicis, rainha do século XVI, enquanto o duplo C entrelaçado e a frase blanche evocavam a herança de Gabrielle Chanel.
Karl Lagerfeld, gênio por trás daquela visão, não costumava explicar seu trabalho. Preferia que os convidados interpretassem livremente. A maison Chanel, em um comunicado, descreveu o look: o negro, em todas as suas nuances – mate, brilhante, opaco, satineado ou liso – contrastava com a leveza dos colares e mangas amovíveis. Essa dualidade de cores e texturas era uma homenagem ao passado, mas sem data certa, apenas um sutil aroma de monarquia.
Após o desfile, a equipe da Chanel consultou especialistas em patrimônio para apurar as referências históricas que inspiraram a coleção. Afinal, a moda nunca foi só sobre o presente; ela sempre revive o passado para reinterpretá-lo no futuro. E assim, com saia rodada, jacquard e brilhos, a Chanel não apenas homenageava Catherine de Médicis, mas também mostrava que a história está viva – e eternamente atual.