Dois dos maiores aliados do Estados Unidos na região, França e Reino Unido, juntam-se a Canadá para reconhecer o Estado Palestino. Enquanto isso, os EUA parecem cada vez mais isolados em sua posição de apoio incondicional a Israel.
Esta decisão foi recebida com entusiasmo pelos palestinos, que vêm lutando há décadas por um status internacional reconhecido. Para o governo israelense, no entanto, trata-se de uma ofensa que incentiva o terrorismo e ameaça a segurança nacional.
A crise humanitária em Gaza, com imagens de crianças famintas e milhares de mortos desde o ataque de outubro de 2023, parece ter sido o ponto de virada para muitos países ocidentais. A França, por exemplo, já vinha criticando publicamente a política israelense, enquanto o Reino Unido viu pressões domésticas crescerem após o assassinato de um jornalista palestino em Londres.
Enquanto isso, os Estados Unidos insistem em manter seu apoio incondicional a Israel. Trump parece estar cada vez mais irritado com Netanyahua, especialmente diante da negativa do premier israelense em admitir a gravidade da situação humanitária em Gaza.
A verdade é que o reconhecimento do Estado Palestino por esses três países pode ter consequências significativas. Para começar, abre caminho para um possível acordo de paz regional, algo que Trump sonha conquistar para ganhar uma medalha Nobel da Paz. No entanto, sem a bênção israelense, qualquer tentativa de resolver a questão palestina parece fadada ao fracasso.
Outro desafio é imaginar o que um Estado Palestino moderno realmente seria. Desde a criação de Israel, em 1948, os palestinos nunca tiveram uma chance real de estabelecer um país soberano e contínuo. Os acordos de Oslo, assinados nos anos 90, prometiam um caminho para isso, mas fracassaram por completo. Hoje, a ocupação israelense da Cisjordânia e Gaza parece mais forte do que nunca.
Para piorar, o governo israelense está cada vez mais dividido. Ministros ultranacionalistas ameaçam até mesmo boicotar qualquer tentativa de concessão a palestinos, inclusive no tocante à ajuda humanitária. No entanto, Netanyahua parece determinado a resistir, transformando o reconhecimento internacional em um ponto de orgulho nacional.
No final das contas, os Estados Unidos podem acabar pagando um preço alto por sua posição inflexível. À medida que mais aliados se distanciam de Israel e pressionam Trump a reconsiderar, será Israel quem sairá prejudicado – mesmo que continue a gritar em protesto.