A corrida pelo hidrógenio natural, apelidado de 'ouro branco', está ganhando força em todo o mundo. Semelhante à busca obsessiva de Edwin Drake pela equivalente do ouro negro no século XIX, empresas e investidores estão agora focados em descobrir fontes comerciais viáveis deste elemento promissor.
O hidrógenio natural, ou 'white hydrogen', é produzido geologicamente através de um processo que envolve rochas ricas em ferro e água. Diferentemente do hidrógenio verde, que exige infraestrutura complexa de energias renováveis, o white hydrogen pode ser extraído diretamente da natureza, tornando-o uma alternativa mais acessível e econômica.
Em entrevista ao BBC Future, especialistas como Viacheslav Zgonnik, CEO da HyReveal, destacam que a tecnologia desenvolvida para detectar e monitorar o hidrógenio natural pode ser adaptada do próprio setor de petróleo e gás. Uma startup francesa, a Mantle8, já identificou 12 locais promissorios na Europa e espera alcançar 10 milhões de toneladas de reservas até 2030.
Apesar do potencial, desafios persistem. O hidrógenio natural pode conter metano, o que prejudica sua reputação de fonte limpa. Estudos iniciais indicam emissões de CO2 equivalentes variando entre 0,4 kg a 1,5 kg por quilo de hidrógenio produzido, dependendo da composição do reservatório.
Laurent Truche, professor de geoquímica na Universidade Grenoble Alpes, alerta que o hype em torno do white hydrogen pode ser excessivo. Ele destaca que a produção atual é mínima e que muitos descobertos são gases dissolvidos, complicando a extração.
No entanto, empresas como a Petrobras, no Brasil, já estão explorando a possibilidade de extração do hidrógenio natural. Grandes companhias petrolíferas como BP e Chevron também investiram em consórcios para estudo do tema.
Enquanto isso, startups como a Snowfox Discovery, patrocinada pela BP, estão focadas em desenvolver tecnologias inovadoras para detectar e extrair o hidrógenio natural de forma eficiente. Se bem-sucedidas, essas empresas podem aliviar a pressão sobre as metas climáticas globais.
Para Emmanuel Masini, CEO da Mantle8, o timing é crítico. "Estamos convencidos de que há reservas significativas", declara ele. "Necessitamos seguir em frente e entregar esses recursos."
