Em meio às areias desérticas das Ilhas Canárias, Jose Alayón desvela uma trama intensa e comovente em "Dança dos Vivos" (título original: "La Lucha"). A nova produção, que estreia no Festival de San Sebastián, explora a relação complexa entre pai e filha em um contexto marcado pela perda e pela herança cultural do wrestling canário, uma prática secular que transcende o esporte para se tornar um símbolo de resistência.
A história centra-se em Miguel e Mariana, pai e filha que buscam se reconnectar após a morte de Pilar, esposa e mãe. Envolvidos intimamente com o wrestling canário, uma tradição ancestral que permeia suas vidas, os dois personagens enfrentam desafios tanto físicos quanto emocionais. Jose Alayón, diretor do filme, descreve a luta como "um espaço de resistência cultural" que transcende o esporte para se tornar um símbolo de identidade e orgulho.
"Dança dos Vivos" é uma produção da El Viaje Films, estúdio fundado por Alayón em 2004, que já trabalhou com nomes como Lav Diaz e Macu Machín. A filmagem, realizada em 16mm, captura a paisagem hostílica de Fuerteventura, com suas montanhas aréneas e desertos barrancosos, criando um visual único que complementa a trama.
Com roteiro assinado por Marina Alberti e Samuel M. Delgado, o filme mergulha fundo na dinâmica familiar, explorando temas universais como o luto, a resiliência e a força das tradições. "É uma história de dor, orgulho e daquele tipo de ternura que às vezes une as famílias", define Renart, da Bendita Film Sales.
Com sua estética singular e seu olhar apurado, Alayón entrega uma obra que transcende o cinema para se tornar um tributo à herança cultural das Ilhas Canárias. "Dança dos Vivos" promete encantar os espectadores internacionais, especialmente aqueles que valorizam histórias que mesclam tradição e inovação.
