A série Delírio, produção colombiana da Netflix, mergulha fundo nas águas turvas da loucura e da memória. Com apenas oito episódios, a trama prende o espectador do início ao fim, explorando as conexões entre as gerações de uma família marcada pelo trauma e pela insanidade.
Estamos em fins dos anos 1980 na Bogotá. Fernando Aguilar (Juan Pablo Raba), um professor universitário, retorna da França para encontrar sua esposa Agustina (Estefanía Piñeres) num estado de desolação mental. Enclausurada em um quarto de hotel, Agustina vagueia entre a realidade e os delírios, tentando compreender o que aconteceu durante a viagem do marido.
A série não é apenas uma história de amor ou de suspense; ela é uma jornada pelas entranhas da psique humana. A trama explora como as feridas do passo brotam em crises no presente, e como o trauma se herda e se manifesta de gerações para gerações.
Os flashbacks que atravessam os episódios desvelam um legado de loucura na família Londoño. De Nicolás, pai de Agustina, que ouvia ruídos sobrenaturais e teimava que um dia todos morreriam sem ouvir mais nada, à Eugenia, mãe de Agustina, que mentia compulsivamente, a série constrói uma tapeçaria complexa de doenças mentais.
Personagens como Midas (Juan Pablo Urrego), amigo de escola e confidente de Agustina, adicionam camadas de intriga. Seu envolvimento com a criminalidade e seus esquemas financeiros trazem caos para a família Londoño, ligando o passado e o presente emaranhados de loucura e culpa.
Em seu ápice, Delírio questiona o que é realidade e o que é delírio. As crises de Agustina não são meros surtos isolados; são ecoares de um trauma coletivo, herdado das gerações anteriores. A série convida o espectador a refletir sobre como as feridas do passado se manifestam no presente e quão tênue é a linha que separa a saúde mental da loucura.
