Demência: diagnóstico atrasado pode prejudicar tratamento e qualidade de vida

Imagem principal da notícia: Demência: diagnóstico atrasado pode prejudicar tratamento e qualidade de vida

A demência é uma doença silenciosa que, muitas vezes, passa despercebida. Imagine viver três anos e meio sem saber que algo está errado, enquanto a doença se espalha lentamente pelo seu cérebro. Esse é o drama descrito por um estudo recente publicado no International Journal of Geriatric Psychiatry, conduzido por pesquisadores da Universidade de Londres (UCL). O estudo revela que, em média, as pessoas demoram três anos e meio para receberem um diagnóstico após os primeiros sintomas. E esse atraso pode ter consequências devastadoras.


Os pesquisadores analisaram 13 estudos internacionais, envolvendo mais de 30 mil participantes em países como Europa, Estados Unidos, Austrália e China. O problema não é exclusivo do Brasil: em todos os lugares, o diagnóstico tardio é uma realidade. E o impacto é ainda maior entre jovens com demência ( Diagnosticados antes dos 65 anos) que, em médias, esperam quase quatro anos para serem diagnosticados.


Por que isso acontece? Muitas vezes, os primeiros sinais da doença são confundidos com o envelhecimento natural. A perda de memória, a dificuldade de concentração e as alterações no comportamento podem passar despercebidas, tanto pelas famílias quanto pelos próprios pacientes. Além disso, fatores como o estigma social, a falta de conscientização sobre os sintomas iniciais e sistemas de saúde fragmentados contribuem para o atraso.


Outro ponto preocupante é que certos grupos são mais afetados. Pessoas com formas menos comuns de demência, como a frontotemporal, e indivíduos de minorias étnicas, especialmente negros, enfrentam atrasos ainda maiores. Isso sugere que há não apenas problemas clínicos, mas também barreiras estruturais e sociais no reconhecimento desses casos.


Diante desse cenário, os autores do estudo recomendam medidas concretas. Campanhas de conscientização sobre os sinais precoces da demência, treinamento mais específico para profissionais de saúde e melhoria nos fluxos de encaminhamento para clínicas especializadas são passos essenciais. O objetivo é reduzir o tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico, garantindo que pacientes e familiares tenham acesso mais cedo a tratamentos e suporte.


Enquanto isso não acontece, fica a reflexão: quantas vidas estão sendo afetadas por esse atraso? Quantas famílias sofrem em silêncio, sem entender o que está acontecendo? E quanto tempo mais teremos de ver pessoas sofrerem antes que mudanças significativas ocorram?

Ana Paula Costa

Ana Paula Costa

É triste constatar que a demência continue a ser tratada com negligência em nossos sistemas de saúde. Enquanto países como o Brasil ainda lutam para oferecer diagnósticos precoces e acessíveis, muitas famílias sofrem sem apoio adequado. Esperamos que essa pesquisa incentive mudanças urgentes na forma como encaramos a saúde mental no país.

Ver mais postagens do autor →
← Post anterior Próximo post →