Na pacata aldeia de Kibune, perto de Kyoto, o hotel Fujiya é um refúgio encantador, rodeado pelas montanhas e atravessado por uma rio mágico. Cada dia começa com a mesma rotina: funcionários atendendo aos hóspedes, sorrisos forçados e gestos repetitivos. Até que Mikoto, uma das empregadas, começa a sentir algo estranho – aquele déjà-vu insistente, aquele peso no estômago de perceber que está presa em um loop temporal.
Em En Boucle, do cineasta japonês Junta Yamaguchi, o conceito de paradoxo temporal é levado ao extremo. Em vez de um dia inteiro, aqui são apenas dois minutos que se repetem incessantemente. Um minuto de terror, confusão e desespero, outro de tentativa de adaptar-se à loucura. E assim por diante...
Para quem já adorou Um Dia sem Fim, de Harold Ramis, o filme é uma homenagem ao gênero sci-fi, mas com um twist absurdo que só o cinema asiático consegue entregar. No Brasil, esse tipo de reflexão sobre a natureza do tempo e da repetição é tão familiar quanto aquela sensação de ter dito algo já dito ou feito algo que não queríamos.
Ainda que o filme não tenha estreado por aqui, é inevitável pensar em nossas próprias rotinas, nas crises existenciais e naquela vontade de apertar o botão de replay para fugir das consequências. Como diria um filósofo brasileiro: "A vida é uma repetição sem fim, mas é melhor aproveitar os minutos".