Yi Yi, de Edward Yang, é sem dúvida um dos exemplos mais belos e sinceros do cinema que explora o núcleo familiar. A obra ganha ainda mais significado por ser o último filme deixado pelo realizador taiwanês, que faleceu aos 59 anos em 2007. Agora, a película retorna às salas de cinema no dia 6 de agosto, em uma versão restaurada, junto com outras duas de suas sete obras, Confusion chez Confucius (1994) e Mahjong (1996), que foram exibidas em julho.
Essa jornada cinéfila não é apenas uma homenagem póstuma. Trata-se de um reencontro com a obra-prima que conquistou o Prêmio de Direção no Festival de Cannes e trouxe para Yang o reconhecimento tardivo, mas merecido, em solo ocidental.
Centrado na família, Yi Yi explora as emoções complexas de N. J. Jiang (Wu Nien-jen), um homem de negócios e pai de família que reencontra seu amor de juventude, Sherry, por acaso, durante o casamento de seu cunhado. No mesmo dia, sua sogra, matriarca da família urbana de classe média, entra em coma após um acidente. A avó, internada e inconsciente, se torna o ponto focal das dores e dúvidas dos familiares que a visitam diariamente.
Essa trama multifônica retrata com precisão os intrincados laços familiares e as emoções que permeiam nossas vidas. É uma reflexão sobre o amor, a perda e a continuidade das relações humanas, tema universal que se conecta diretamente à natureza humana e à realidade brasileira, onde esses dilemas são tão presentes.