IA pode replicar artigos científicos, mas conseguirá substituir tribunas?

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Recentemente, o The Guardian publicou um artigo preocupante que questiona a qualidade de papers científicos diante da explosão de publicações geradas por inteligência artificial (IA). Enquanto os acadêmicos se sentem 'submergidos' por milhões de artigos, surge inevitavelmente a pergunta: se a IA pode produzir artigos científicos, será capaz também de escrever tribunas ou opiniões?


Para responder, não bastam só motivos técnicos. É preciso considerar aspectos intelectuais e éticos. Afinal, uma IA parece estar preparada para o desafio: pode produzir textos claros, bem estruturados, isentos de erros e adaptados a um tom específico. Conhece a retórica, sintetiza fontes variadas e imita o estilo de um editor experiente.


Porém, uma tribuna não se resume a uma simples forma ou estilo. Ela é fruto de pensamento pessoal, engajamento, às vezes de raiva ou esperança. Requer uma posição, um ponto de vista único, ancorado em experiência humana.


Victor Hugo já alertava: "A forma é o fundo que submerge à superfície". Em outras palavras, um bom texto não separa aparência do conteúdo; ele encarna uma ideia viva. Enquanto uma IA, por mais perfeita que seja, pode formular uma pensação própria? Pode sentir uma injustiça, se indignar, duvidar, acreditar ou esperar? A resposta é não. Ela pode imitar essas emoções, mas não as viver. O que torna uma tribuna forte é frequentemente o que escapa da lógica pura: uma intuição, uma experiência íntima, uma brecha ou uma revolta.


Enquanto a IA simula essas qualidades, jamais será capaz de compreender ou experimentar sentimentos humanos. E é exatamente essa profundidade que define o valor de um texto opinativo.

Lucas Martins

Lucas Martins

Enquanto a IA brilha na produção técnica, jamais conseguirá replicar a essência humana das tribunas. Como diria um velho jornalista: "Para escrever bem, basta ter ideias; para pensar bem, é preciso ser humano." E, nesse quesito, a IA ainda está muito longe de chegar.

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