A cidade de Joinville está prestes a iniciar um novo capítulo em sua gestão funerária. Com planos para lançar a concorrência pública de concessão dos serviços funerários e da administração dos cemitérios municipais até fevereiro de 2026, o município apresentou um cronograma detalhado ao Ministério Público de Santa Catarina (MP/SC).
A prefeitura estabeleceu que a conclusão do processo licitatório ocorrerá em julho de 2026, mantendo assim o prazo final apesar das alterações no cronograma. O tema foi discutido recentemente na Comissão de Proteção Civil da Câmara de Vereadores.
Este projeto não é novo para Joinville. Em 1999, a cidade já realizou uma licitação para os serviços funerários. Atualmente, são dez cemitérios municipais administrados diretamente pela prefeitura. A concessão prevista agora inclui não apenas a gestão atual dos cemitérios, mas também a construção de um novo espaço sepulcrar e um crematório.
Os adiamentos no cronograma foram justificados pelo município como necessários para ajustes na modelagem da concessão. O modelo inicial foi apresentado após um chamamento público por um consórcio, mas os requisitos finais só serão divulgados em setembro, após uma consulta pública.
Joinville e a arte de procrastinar
Enquanto isso, Joinville se junta à longa lista de cidades brasileiras que transformaram a administração pública num exercício de paciência coletiva. O município já teve que prorrogar o cronograma anteriormente estabelecido para fevereiro de 2024. Será que os joinvillenses estão preparados para esperar mais dois anos?
É interessante notar como a gestão pública, especialmente em temas sensíveis como sepultamento e cremação, tende a se arrastar. Obras morrem nas promessas, contratos viram bonecos de areia e o cidadão fica no aguarde, ansioso ou resignado.
Em um país onde a impontualidade é quase uma força cultural, é possível que os prazos dilatados sejam vistos com benevolência. No entanto, importa lembrar que cada dia de atraso custa dinheiro e tranquilidade aos cidadãos.
Para onde vamos?
Enquanto os cemitérios municipais de Joinville aguardam seu novo gestor privado, é possível refletir sobre o paradoxo brasileiro: uma população que valoriza a memória e a preservação da identidade, mas que frequentemente vê essas áreas relegadas à burocracia e ao descaso.
Os cemitérios não são apenas locais de sepultamento; são monumentos coletivos, testemunhos da história local e espelhos das condições sociais. A concessão privada pode trazer melhorias, mas também deve ser acompanhada com critério para preservar a essência desse patrimônio.
Em suma
A decisão de Joinville lança um novo desafio à administração municipal. Resta saber se o município conseguirá cumprir os prazos desta vez e, acima de tudo, entregar serviços que respeitem a memória dos seus antepassados e ofereçam dignidade aos familiares.
Enquanto isso, os joinvillenses podem apenas torcer para que a morte das expectativas não ultrapasse o prazo final de julho de 2026.