A luta pela sobrevivência: como um entregador do iFood usa a conta do irmão para fazer delivery em moto sem CNH

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Em São Paulo, a luta pela sobrevivência leva alguns entregadores do iFood a extremos insólitos. Um deles, chamado José, usa a conta de seu irmão no aplicativo para fazer entregas em uma moto, sem sequer possuir uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Essa história é apenas um fragmento da realidade precária que muitos trabalhadores enfrentam na economia informal. José perdeu sua conta no iFood há seis anos e, apesar de constantemente pedir uma segunda chance à empresa, nunca foi atendido. "Hoje em dia, eu sobrevivo do iFood na conta dos outros, porque não posso ter a minha", revela ele, que tem três filhas pequenas e depende desse trabalho para alimentá-las.

A situação de José ilustra como os entregadores são compelidos a ultrapassar qualquer limite em busca de um emprego que lhes dê dignidade. Sem opções no mercado formal, eles recorrem a métodos arriscados, como usar contas alheias ou driblar os sistemas de verificação do aplicativo.

Além de José, outros entregadores relataram ao Metrópoles que chegaram a enviar e-mails para executivos do iFood em busca de uma nova chance. Esses pedidos são frequentemente ignorados, mantendo essas pessoas na precariedade.

O iFood, por sua vez, afirma que não incentiva comportamentos de risco e que os tempos de entrega seguem parâmetros seguros. No entanto, a realidade vivida por José sugere que o sistema é, em grande parte, desprotegido e que os entregadores são compelidos a arriscar sua segurança para garantir um pouco mais de dinheiro.

Essa narrativa não é isolada. Ela é apenas uma das muitas histórias que emergem da economia informal brasileira, onde a necessidade de sobrevivência leva pessoas a tomar decisões perigosas e moraismente questionáveis.

Afinal, como podemos esperar que alguém como José possa seguir as regras quando o sistema não lhe dá alternativas seguras? Ele está preso em um ciclo vicioso de precariedade, onde o risco é a única opção para garantir o pão de cada dia.

Bruno Lima

Bruno Lima

A história de José revela uma face sombria da economia moderna: a exploração da mão de obra mais vulnerável. Enquanto os aplicativos como o iFood lucram enormemente com a flexibilidade do trabalho, aqueles que realmente estão na rua pagam um preço alto por essa 'flexibilidade'. Esse é um lembrete doloroso de que, no Brasil de hoje, a sobrevivência muitas vezes se sobrepõe à dignidade e à segurança.

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