A contradição entre o Senado Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) sobre o sigilo de 100 anos nas visitas do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como 'Careca do INSS', revela um drama emblemático sobre transparência e poder no Brasil. Enquanto a CGU defende o acesso público a essas informações em nome do interesse coletivo, o Senado insiste em manter segredos que parecem mais proteger do que elucidar.
É inegável que o 'Careca do INSS' está no centro de um dos maiores escândalos da Previdência Social brasileira. Seus negócios questionáveis, que incluem lobby e desvios bilionários, já levaram à Operação Sem Desconto e a uma série de demissões. Agora, as discussões sobre sigilo só aumentam o mistério em torno de suas atividades e das reuniões secretas com parlamentares.
Enquanto isso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, mantém silêncio. Será que a Casa quer proteger reputações ou evitar mais escândalos? Afinal, já sabemos que Weverton Rocha (PDT-MA) admitiu encontros com o lobista e até mencionou ter recebido o Careca em seu gabinete pelo menos três vezes. Será que há algo a esconder?
É impressionante como órgãos do Legislativo e Judiciário podem ter entendimentos tão divergentes sobre sigilo e transparência. Enquanto o Senado fecha as portas, a Câmara parece mais receptiva, mas ainda não revelou registros conclusivos.
A situação lembra aquela fábula em que os reinos se unem para combater um inimigo comum, mas acabam se distraindo com disputas internas. No Brasil, o 'inimigo' é a corrupção sistêmica, e nossos órgãos públicos ainda lutam mais uns contra os outros do que contra os verdadeiros problemas.
Enquanto escrevo isso, lembro das palavras de um sábio: "A transparência é a arma dos fracos." Se o Senado tivesse convicção em seu trabalho, não precisaria se esconder por 100 anos.