Michelle Bolsonaro e os Atos em SP: Uma Estratégia Político-Religiosa?

Michelle Bolsonaro voltou a surpreender. Enquanto muitos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) se reuniam na Avenida Paulista, em São Paulo, no domingo (3/8), a ex-primeira-dama optou por não comparecer ao tradicional ato promovido pelo pastor Silas Malafaia. Em seu lugar, decidiu participar de um evento em prol do ex-presidente em Belém (PA).

Esta decisão não foi bem recebida por outros membros da legenda. Não é a primeira vez que Michelle desaponta aliados e foge das agendas organizadas pelo pastor Malafaia. Em junho, ela também não compareceu ao ato na Paulista, e em março, omitiu-se do evento em Copacabana.

Segundo sua assessoria, a ausência foi motivada pela estratégia adotada por aliados de Bolsonaro de descentralizar as manifestações para todo o país. O mote principal será o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, relator da tentativa de golpe de Estado e alvo de sanções dos Estados Unidos pelo bolsonarismo.

Mais do que isso: Michelle parece estar construindo uma narrativa em que sua presença é sinônimo de resultados. Em Marabá, no interior do Pará, ela participou de eventos do PL Mulher, aproveitando a oportunidade para estreitar laços com apoiadores.

É curioso notar como a ex-primeira-dama está se movendo em um eixo tênue entre o político e o religioso. Enquanto os atos na Paulista ganham conotações cada vez mais messiânicas, Michelle parece preferir um palco menos lotado — ou, pelo menos, mais controlável.

Resta saber se esta tática será eficaz em longo prazo. Em um país onde a religião e a política andam lado a lado, qualquer decisão pode ter consequências imprevisíveis.