Em um caminho perigoso e longo, mulheres palestinas se unem em meio à escuridão para garantir alimentos aos filhos. Em Gaza, a fome é uma realidade diária, e elas enfrentam riscos constantes para proteger suas famílias.
As mulheres descrevem como um jovem armado forçou-as a entregar pacotes de farinha, ameaçando-as com facas. Um Khader, mãe de três filhos, relata que o simples ato de buscar ajuda pode ser fatal, seja por tiros de soldados israelenses ou por ladrões.
Walaa, uma das mulheres, compartilha sua experiência: após 10 horas de espera, ela conseguiu um pacote de farinha, mas foi ameaçada e teve que entregar o alimento. Maryam, que deu à luz há três semanas, participa diariamente desse perigoso trajeto para alimentar seus filhos.
A crise humanitária em Gaza é alarmante. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 63 pessoas morreram de fome em julho, incluindo 25 crianças. Em Gaza City, os níveis de desnutrição aguda atingiram um patamar crítico.
Israel anunciou recentemente a pausa nas hostilidades e a criação de corredores humanitários, mas pouco alimento chega para abastecer os 2,2 milhões de habitantes. Antes da crise, o UN manageia coordenar 400 pontos de distribuição de ajuda, hoje reduzidos a quatro locais controlados pela Fundação Humanitária do Gáza (GHF), uma organização apoiada pelos Estados Unidos e Israel.
As mulheres, como Um El-Abed, que cuida sozinha de seus oito filhos após a morte do marido em um ataque israelense, enfrentam desafios ainda maiores. Eles se unem em camaradagem rarefeita naquele contexto de sofrimento, mas a fome é implacável.
Enquanto isso, os EUA e Israel justificam que a ajuda chega adequadamente, apesar das evidências contrárias. A situação em Gaza tornou-se um exemplo da capacidade humana de resistir, mas também da fragilidade diante da fome e da violência.