Com a rentrée littéraire se aproximando, é sempre bom lembrar as publicações do verão que prometeram surpresas inesquecíveis. Na seleção da semana do Monde des livres, quatro provas adicionais para não esquecer: o gato muito falante da poetisa Nathalie Quintane, que encontra sua voz em Chemoule, un chat français; o novo romance do grande escritor armênio Krikor Beledian, Nom, onde revivem os记忆s do genocídio de 1915; uma síntese luminosa, Dix questions sur les croisades, para resistir às idéias preconcebidas; e o segundo romance de Sébastien Bailly, em forma de road trip amorosa e sonhadora.
Em um mundo onde algumas pessoas insistem em ver os gatos como criaturas mesquinhas e calculadoras, Nathalie Quintane nos presenteia com uma visão bem diferente. Em Chemoule, un chat français, ilustrado por Stephen Loye, a poetisa não se concentra nas qualidades ou defeitos que atribuímos a essas pequenas criaturas. Ela prefere explorar como os gatos enxergam o mundo e compreendem seus donos, esses "doadores de ração".
Num tom sarcástico e cheio de ironia, Quintane retrata a perspectiva do gato Chemoule, que não hesita em criticar os humanos com uma dose generosa de humor. Chemoule é um poeta disfarçado de gato: ele está sempre atento à gramática, insiste na pontuação correta e tem uma visão única do mundo. "Sou metade dentro, metade fora", confessa ele com sua voz autêntica e provocadora.
Esta autobiografia fragmentária de Chemoule é um exercício de liberdade linguística, misturando ironia e sensibilidade. Ele não hesita em apontar os defeitos dos humanos, mas também sabe ser engraçado e terno, especialmente quando se lança em suas memórias, passeando de um tema para outro com a mesma facilidade que um gato anda pelas estantes de uma biblioteca.
Enfim, Chemoule é mais do que um livro sobre gatos. É uma reflexão sobre como vemos o mundo e as pessoas à nossa volta, filtradas através das lentes perspicazes – e um pouco irônicas – de um gato francês.