Rachida Dati, a ministra da Cultura francesa, está se transformando num personagem cada vez mais controverso no cenário político. Sua ambição de se tornar a próxima prefeita de Paris parece ser uma obsessão que não recua diante das dificuldades. Em plena disputa interna com os Republicanos, que preferiram investir Michel Barnier para a 2ª circunscrição, ela desafia o partido que um dia ajudou a construir, colocando-se no centro do palco como uma força individual.
Mais do que isso, Rachida Dati parece estar se reinventando como alguém disposta a transgredir as regras. Suas recentes declarações a deputada desafiam não só os processos internos do partido, mas também a própria Justiça Francesa. Acusada formalmente por 'corrupção' e 'tráfico de influência', ela responde a um processo judicial que envolve acusações de lobbying ilegal no Parlamento Europeu a favor de Carlos Ghosn, ex-chefe da Renault-Nissan.
Enquanto isso, os ataques verbais contra a Justiça e a imprensa se tornam cada vez mais frequentes. Sua estratégia parece clara: desviar a atenção dos problemas legais para uma posição de vítima de um sistema que ela mesma contribuiu para fragilizar.
Na França, onde o respeito à Justiça era considerado inquestionável, Rachida Dati abre brechas para discursos que mesclam desconfiança em instituições e apelo a uma base eleitoral mais radical. Seu estilo político lembra, de certa forma, o trumpismo: uma verdade absoluta, ameaças contra aqueles que questionam e um uso abusivo da 'artillerie lourde' contra os juízes.
Enquanto isso, a Lei 'Paris-Lyon-Marseille' ancora sua candidatura à prefeitura de Paris. Se aprovada, ela permitirá bypassar os obstáculos locais e se consolidar como uma força política incontornável na capital francesa.