A cada ano, o Brasil enfrenta um desafio fiscal que parece não ter fim. Com déficits estruturais, dívida pública explodindo e receitas fiscais em baixa, o governo é compelido a cortar gastos, afetando diretamente os serviços públicos e as classes médias e populares. Enquanto isso ocorre, uma questão fundamental é ignorada: o colapso do sistema fiscal internacional.
Os problemas fiscais brasileiros não são exclusivos do país. Eles estão ligados a uma crise global de governança fiscal. A desregulação da economia mundial e a evasão fiscal, especialmente por multinacionais e indivíduos ricos, resultam em uma perda enorme de receitas fiscais. Estima-se que a evasão fiscal global chega a impressionantes 500 bilhões de dólares anuais, com o Brasil perdendo cerca de 33 bilhões.
No Brasil, políticas fiscais que reduziram a progressividade do sistema, como a supressão do imposto de solidariedade sobre a fortuna e a redução do imposto sobre as sociedades, agravaram ainda mais a situação. Essas decisões beneficiaram os mais privilegiados, enquanto o país enfrenta dificuldades para arrecadar recursos essenciais.
A crise fiscal não é apenas uma questão nacional; ela está profundamente ligada à falência do sistema fiscal internacional. Os paraísos fiscais, onde 40% dos lucros das multinacionais são redirecionados, e a dissimulação de riqueza offshore equivalentes a 10% do PIB mundial, exemplificam como a opacidade financeira prejudica a todos.
Enquanto isso persiste, o Brasil continua a implementar soluções que, apesar de dolorosas, não resolvem os problemas de fundo. Aumentar os gastos ou reduzir impostos sem um sistema fiscal justo e eficiente só agrava ainda mais a situação.