Em meio à escalada da guerra entre Israel e Hamas, três potências mundiais — França, Reino Unido e Canadá — anunciaram sua intenção de reconhecer o Estado Palestino. No entanto, experts alertam que tal decisão não trará resultados concretos a curto prazo, mas pode isolar ainda mais Israel e fortalecer a posição negociadora dos palestinos.
Benjamin Netanyahu, Primeiro-Ministro de Israel, rechaça veementemente o reconhecimento do Estado Palestino e afirma manter o controle aberto sobre Jerusalém Oriental, Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Para ele, essas terras são indissociáveis de Israel, especialmente após décadas de construção de assentamentos judaicos na região.
Enquanto isso, a situação humanitária em Gaza é desesperadora. As consequências da ofensiva israelense transformaram grande parte do território em um campo de ruínas, e o risco de fome se aproxima. Enquanto os palestinos buscam apoio internacional, muitos questionam a eficácia das medidas anunciadas.
Khaled Elgindy, pesquisador da Universidade Georgetown, ironiza: "É estranho que a resposta diante de atrocidades diárias em Gaza, incluindo fome deliberada, seja o reconhecimento de um Estado Palestino que pode nunca vir a existir". Para ele, essas ações parecem mais uma forma de aparentar que algo está sendo feito.
Os Estados Unidos, aliados históricos de Israel, mantêm-se solidários com o governo israelense, apesar das críticas internacionais. Sem pressão significativa, Israel segue seus planos de relocalizar grande parte de sua população de Gaza para outros países.
Enquanto isso, a opinião pública palestina divide-se entre esperança e desencanto. Mahmoud Abbas, Presidente da Autoridade Palestina, apóia a solução de dois Estados, mas suas concessões recentes, como o fim dos auxílios a famílias de presos e mártires, o tornaram profundamente impopular.
Para Hugh Lovatt, especialista em conflitos da European Council on Foreign Relations, "o desafio é que os países que reconhecem o Estado Palestino acompanhem suas palavras com ações práticas". Sem isso, o reconhecimento será apenas mais uma promessa inútil.
