A ressaca que atingiu o Sul do Brasil no último final de semana não foi apenas um fenômeno natural. Em Matinhos, litoral do Paraná, ela se transformou em uma verdadeira prova de resistência para a obra de engorda da faixa de areia, concluída há pouco mais de um ano. Enquanto as ondas gigantes invadiam a orla, carregando consigo resíduos e desafios, a pergunta que não quer calar é: valeu o investimento?
Os números são impressionantes. Foram 3 milhões de metros cúbicos de areia, equivalentes a 220 mil caminhões, distribuídos ao longo de 6,3 quilômetros de orla. O resultado? Em comparação com 2022, os efeitos da ressaca foram menos intensos. Nenhuma estrutura foi danificada, mas o volume de lixo acumulado na praia exigiu a retirada de 160 toneladas de resíduos, ou seja, 11 caminhões lotados.
Enquanto isso, em Guaratuba, a Marinha alertava para o risco de desabastecimento de água. A força da maré arrastou o Oceano Atlântico para dentro do Rio Saí-Guaçu, principal fonte de captação da cidade. No Balneário Marissol, a Guarda Municipal teve que interditar a Avenida Deputado Aníbal Khury diante das ondas que variaram entre 2,5 e 3,5 metros.
É interessante notar como a natureza, por vezes, se recusa a seguir os planos humanos. Mesmo com a proteção da engorda da orla, a ressaca ainda encontrou jeitos de causar impactos significativos. E é justamente nessas horas que se torna evidente a necessidade de equilibrar o desenvolvimento com a sustentabilidade.
Afinal, quantas vezes já vimos obras grandiosas que prometiam resolver problemas, mas acabaram criando novos desafios? A ressaca de Matinhos não foi apenas um teste para as ondas. Foi um lembrete de que, no jogo entre a natureza e o homem, ninguém sai necessariamente vitorioso.
